Tudo novo, nada novo – o que de fato mudou pra mim? 

O que muda dentro da gente, afeta fora. Comentei faz um tempo sobre a minha necessidade de me apresentar de novo. Isso vem acontecendo em ciclos, quando a mudança interna é maior do que o meu contexto externo consegue absorver. Algo do que faço, padrões que repito, começam a incomodar. O incômodo fica maior do que a comodidade de deixar tudo como está. Paro, penso, busco perspectiva com pessoas e profissionais, mas o que mais tem peso é a certeza que vem de dentro: algo precisa mudar.  

Olhando para a vida profissional, me perguntei se o que faço ainda está:  

... alinhado com o chamado da minha essência? 

... sendo útil? 

... atendendo necessidades reais dos nossos tempos? 

... brilhando os olhos e pulsando o coração (meu e dos outros)? 

Tudo novo! 

Se reinventar a cada dia - fácil dizer, difícil fazer. Persisti em um modelo de trabalho em parceria com meu esposo, Steffen, ao longo de 7 anos. Na lógica, parecia ótima a ideia de uma parceria societária com alguém que confio e faz o mesmo trabalho que eu. Fora da lógica e da razão, as emoções tomavam conta da dinâmica diária e trabalhar juntos se tornou improdutivo. Sem ter consciência dos padrões inconscientes e co-dependência que levavam a repetição de reações e comportamentos, buscamos apoio terapêutico, coaching e mentoria para o negócio. Tem coisas que só alguém de fora consegue ver - o chamado ponto cego.  

Aos poucos algo foi se clareando. 

A expressão “Tem que ser do meu jeito” deu espaço para “vou ceder aqui”. 

“Você precisa mudar” deu espaço para “a individualidade de cada um precisa ser respeitada”. 

“Eu não aguento mais” deu espaço para “podemos usar a nossa relação como espaço de prática de tolerância, paciência e compaixão”. 

"Quando a dor de não estar vivendo for maior que o medo da mudança, a pessoa muda."

(Essa é de Freud)

Freud acreditava que para lidar com a repetição e superar a resistência a mudanças, é preciso tornar consciente o que está inconsciente. A repetição inconsciente torna difícil fazer novas escolhas. E tornar algo consciente pode ser um processo doloroso, porque envolve sair da negação do que é difícil encarar e assumir. 

A negação é um mecanismo de proteção. A gente só consegue ver tanto quanto damos conta de processar.  

"Only when compassion is present will people allow themselves to see the truth.”

“Somente quando a compaixão está presente, as pessoas se permitem ver a verdade.” 

(A.H. Almaas) 

Criar ambientes de pensamento para as pessoas poderem ser o que elas são, expressando-se como são, como sentem e com o que tem a dizer, se tornou rotina pra mim. Nada novo! Mas criar ambientes de compaixão - Uau! Aqui percebo um nível ainda mais profundo. 

E foi isso que me levou para o tema de trauma. Tudo novo! E, ao mesmo tempo, um tema tão ancestral quanto a primeira geração que me deu origem. Fui descobrir que, por trás dos padrões e reações que não consegui mudar, mesmo com todas as terapias e outros apoios, tem uma memória de trauma. Todos temos. Mas isso também dá pra mudar. 

Se quiser me acompanhar nos estudos sobre a nova ciência de trauma, visite o meu medium

Nada novo! 

Ao perceber que um incômodo pessoal ou profissional me provocava de tempos em tempos a fazer uma mudança, descobri que desenvolvi um novo padrão: perceber o momento de fazer a transição e buscar recursos para fazê-la. 

Compreendendo melhor a abordagem integral no curso de formação de consultores (Certificação MetaIngegral), foi um alívio ressignificar minhas escolhas do passado e compreender cada movimento como um processo de integração das nossas partes.  

E algo velho foi se transformando: 

“abandonei minha profissão depois de 8 anos de estudo e mais de 10 de experiência – que desperdício!”  

Ressignificando e integrando: 

“não preciso abandonar a engenheira, é ela que compreende e fala a linguagem das pessoas que pensam demais” 

“se não der certo meu empreendimento, vou ter perdido oportunidades da minha área de especialidade”  

Ressignificando: 

 “tenho inteligência suficiente pra me atualizar e voltar para minha área de atuação original, mas duvido que vou precisar, se persistir acreditando e confiando no chamado da minha essência”.   

E, mais recentemente: 

“tenho que estudar psicologia para poder atuar com terapia” deu lugar a “você pode ser terapêutica sem precisar ser terapeuta” – essa fala vindo de uma psicóloga, me acalmou.  

E aqui estou! Colocando em prática o que aprendi nos últimos 10 anos com abordagens de mudança, complexidade, facilitação, coaching, etc . Nada novo! A diferença é que agora acolho a engenheira que eu tinha abandonado e integro com a terapeuta que vai nascer. 

“Preciso me reinventar” deu espaço para “integrar o que serve das experiências velhas com as novas”. Parece mais fácil e gentil assim. 

Se você está vivendo ou querendo experimentar uma transição profissional, como ressoa essa frase “integrar ao invés de se reinventar”?

Deixe uma resposta

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *